Em homenagem a Titina Silá, assassinada a 30 de Janeiro de 1973, guerrilheira do PAIGC, partilho aqui alguns poemas de autores Guineenses.
“Quando te procuro”
Vejo-te em todas as faces quando te procuro.
Entre a multidão, encontro-te
Tão profunda como a esperança
Em cada criança
A tua face desce serena e promissora
Como o futuro.
Quando te procuro
Encontro-te no homem
Que se procura.
Nas lutas
Nas mãos que removem dolorosamente a terra
Nas lágrimas que comovem o sol
Nos passos-passos que caminham como o ferro
Encontro-te como a vida, como flor!
Quando te procuro
Encontro-te nas alamedas verdes que se agigantam
Nas veias da flor
Na cor manda dos lagos
No perfume viril e transparente da atmosfera
No olhar vertical e penetrante da esperança
Reencontro a tua presença
Transparente e forte como a paz!
Encontro-te em todas as faces quando te procuro
Na eterna sinfonia da vitória
No canto rubro do Homem
Na aurora que cresce e cresce como a vida
Reencontro-te. Ardente e profunda como o amor!
Entre a multidão que caminha
Entre o canto e o sangue que chora
Procuro-te e encontro tão caro o teu nome
Liberdade!
Hélder Proença
“Anónimo”
Vida,
Tecido
Ué se desfia
Ao sabor
Dos House
Tristes obtemos
Que desejamos
Eternos amanhãs.
Vida,
Perpétua lida
De fins sem fim
… Encima!
Como ondas do mar
Que nos escapam
E nos escapam
Sem parar
É cada fluxo
É um sorriso
Que o refluxo
Apaga
Do nosso olhar.
Jorge Cabral
“Eu sou tudo e sou nada”
Eu sou tudo e sou nada.
Mas busco-me incessantemente,
– não me encontro!
Ó farrapos se nuvens, passarões não alados,
Levai -me convosco!
Já não quero esta Cida.
Quero ir nos espaços
Para onde não sei.
Amílcar Cabral
Sensacional. Uma das heroínas Guineenses