Marandza, puta, vadia, interesseira… santa, púdica, convencida. No fim do dia, apenas mulher.
Essas classificações que nos dividem, nos categorizam e separam como as boas pra fuder e as boas pra casar. Isso é apenas uma manifestação da moralidade machista-patriarcal que tenta, desde o momento em que nascemos, até o momento da nossa morte, controlar os nossos corpos.
Afinal de contas quem nos define? Quem decide quem eu sou?
Se sou violada e exponho o meu violador, sou acusada de ser promíscua, de provocar, sou culpabilizada por deixar um criminoso cometer um crime! Se me assumo como um ser sexual que busca prazer de forma consensual e consciente, sou chamada de puta, oferecida, marandza.
“Marandza”: pessoa que gosta; gostadeira.. Gosto sim. Sou marandza. Adoro abraços, beijos, presentes, elogios. Sou marandza. Gosto de livros, de um bom copo, uma boa festa.
E gosto de sexo também. Gosto de buscar prazer. Gosto de sentir o meu corpo ferver em contacto com outro corpo. Gosto do suor misturado, da saliva, dos gemidos, dos orgasmos.
Gosto e assumo o meu direito de dizer sim. Sim ao sexo, sim ao prazer, sim à minha liberdade sexual, sim ao meu direito de decidir sobre o meu corpo, sim, sim sim!
Sou marandza mesmo.

Às marandzas como eu, um brinde na conta do mano que pagou o Moet.
Um brinde às mulheres que não se deixam calar, que não se reprimem face aos ataques diários de quem não as conhece.
Um brinde às putas. Às que se vendem. Às que se trocam.
Um brinde àquelas que se dão só por dar. E não só dão, como também levam. Não só entregam, como também arrancam.
Brindemos. A nós.
Muitissimo forte, parabens
Obrigada 🙂
Lindo texto! 👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾
Obrigada Márcia! Volta mais vezes 🙂
Li o texto 4 vezes e me apeteceu dizer algo.
A primeira vez que ouvi o termo marandza foi com uma mulher. Aliás confesso que estava a ouvir conversa de duas mulheres em que as mesmas classificavam conhecidas suas como marandzas e bla bla bla. Ouvi esse termo mais de 3 vezes tanto que o passo a seguir foi questionar alguns conhecidos pelo WhatsApp o que significava ser marandza.
Nada contra o feminismo, mas não podemos atribuir somente aos homens a culpa da divulgação do termo ou pelos sistemas classificatórios que são criados para as mulheres. Primeiro por que as próprias mulheres também criam sistemas de classificação. Segundo por que também nos homens são criados. Diversas vezes já ouvi que homens não são sérios ou que são gigolôs ou bla bla bla.
Sistema de controlo de corpos acontecem para os dois…assim como nas mulheres também os homens são classificados como bons para casar e como bons para sexo.
É verdade que estamos emocionados com o novo termo…mas é a moda, daqui a nada nos fartamos e a vida vai seguir em frente.
Caro Dilman, ao dizeres “nada contra.. mas” já mostras que tens algo contra, que tens as tuas reservas, então assume isso. Assume a tua verdade sem vergonha e sem rodeios.
Convido-te a conheceres o Feminismo, pois o Feminismo é também para os homens. O Feminismo é um movimento que quer nos libertar dos papéis de género que prescrevem o que um ou o outro deve ser/ ter/ fazer/ pensar/ etc. Os homens são chamados a fazerem a sua parte, tal como as mulheres.
Agora, já que estás aqui, deixa-me adiantar-te que todos nós somos socializados dentro de um sistema machista-patriarcal e que apenas mais tarde começamos a questionar. Isto quer dizer que muitas mulheres não vêem nada de errado em perpetuar muitos dos preconceitos, insultos e ideias que nos limitam, pois elas estão apenas a reforçar a sua realidade, aquilo que conhecem e que têm como verdade. Mas até essas mulheres sentem o peso do Patriarcado nas suas vidas, até mesmo essas mulheres são vítimas desse mesmo sistema, ainda que sirvam de agentes para a manutenção do mesmo.
Adicionalmente, mesmo dentro do Feminismo há várias vertentes, pois as opressões não são sentidas da mesma forma por todas as mulheres. Por exemplo eu e a minha empregada somos ambas mulheres, mas não olhamos/ sentimos as questões económicas da mesma maneira. Mesmo dentro do movimento feminista existem essas nuances, ou seja, há espaço para todos.
Se daqui a nada a vida vai seguir em frente ou não, se daqui a 2 dias o termo não significar nada para ti that’s okay. Eu escrevo aquilo que eu quero e que eu sinto no momento. Há textos aqui neste blog que foram pertinentes e importantes quando os escrevi, há outros tão actuais hoje como na semana em que foram publicados. E não vejo mal nenhum nisso.
Gostei do teu comentário
Bonito texto, mas perde-se no meio, e não toma em conta principios basicos como a moral.
Uma pequena revisao resolvia tudo, e o tornaria, de facto, um hino ao feminismo, e não ao pseudo-feminismo.
Caro Orlando, muito obrigada pela sua reflexão. Pode por favor esclarecer? Pode ser mais específico no que toca ao conceito de moral que faltou? E o que é, a seu ver, o feminismo?
Quase que percebo o que ele diz, Eliana, os homens tb são marandzas, não se afligam, maranza é unisex, mas eu não defenderia as mulheres só por defender. Sou do tipo de mulher que se dá só por se dar, mas há muitas mulheres que se vendem por pouco, por tudo ou por nada e não fazem mais nada da vida para além de querer “coisas” onde está o feminismo ai?
Parece que queres poupa las só por seres mulher, feminista, mas em vários consulados africanos os estrangeiros são bem avisados antes de entrar, cuidado com as negras que elas tiram vos tudo… Não existe um outro tipo de trabalho por se fazer mediante esta situação?
Acrescentar que não tenho nada contra a prostituição, repeito as trabalhadoras de sexo, mas não a confundo com promiscuidade, crime organizado, falta de valores, falta de respeito, falta de educação, etc. Detesto parecer moralista, mas acho que devias separar águas Eliana.
Não vejo problema em sexo consensual entre duas pessoas adultas. Se envolve dinheiro, bens, etc, deixo isso entre os dois adultos que consensualmente decidiram se envolver sexualmente. E isso é feminismo sim. Estamos a falar de liberdade sexual, de autonomia corporal, do direito de uma mulher fazer o que bem entender… Mesmo se “se vender por pouco ou por nada ou não fizer mais nada na vida”
Olá sónia, O feminismo está na consciência e liberdade da escolha. Se eu decido vender-me e marco um preço baixo ou não peço nada em troca??? qual é o problema? desde que faça consciente do que estou a fazer e porque assim o quero sou feminista sim.
Eliana, nao conhecia esse teu lado!!!!!!
Durante a viagem e, na conversa que tivemos rumo à mais uma aventura, apercebi-me que tnhas um lado literário por lapidar…..aliás, já lapidado. Afinal não estava errada!!!!!!!
Parabéns. Um texto meio controverso para uns e didáctico para outros…….amei, simplesmente!!!!!
Muito obrigada!
Ola Eliana.
Lindo texto. Mas da minha leitura fiquei com a impressão de que o texto, bem escrito, não se identificava com o que se fala das “Marandzas” mas sim tenta fazer uma ponte, misturando a necessidade de a mulher moderna ser independente, o que é extremamente relevante, com um grupo de mulheres que são interesseiras e efectivamente existem na nossa sociedade.
Não me parece que a mulher moderna seja necessariamente um problema. Agora, as de agenda obscura, podem merecer outro tratamento.
Um abraço fraterno.
Qual seria esta agenda obscura? E podemos considerar “obscura” quando na verdade, a dita agenda é revelada e assumida?
O texto é simplesmente fantástico…
Muitas vezes a mulher não consegue ser o que definitivamente ela quer ou sente…
Ela acaba sendo o comportamento esperado/esteriotipado…..
E a pior coisa é se ser alguém diferente de sí mesmo…só para se integrar aos demais (hipócritas)!
…..
Parabéns 👌☺texto perfeito
Amei o texto!!!!
Escreve Eliana Escreve
😍😍😍😍😍😍😍😍😍
Escreve mais Eliana!!!
Isso foi muito forte… Falou tudo
Gostei, Eliana. Continue em frente.
“Marandza”: pessoa que gosta; gostadeira.. Gosto sim. Sou marandza. Adoro abraços, beijos, presentes, elogios. Sou marandza. Gosto de livros, de um bom copo, uma boa festa.
E gosto de sexo também. Gosto de buscar prazer. Gosto de sentir o meu corpo ferver em contacto com outro corpo. Gosto do suor misturado, da saliva, dos gemidos, dos orgasmos.
Gosto e assumo o meu direito de dizer sim. Sim ao sexo, sim ao prazer, sim à minha liberdade sexual, sim ao meu direito de decidir sobre o meu corpo, sim, sim sim!
Sou marandza mesmo.””
Existera nome para tudo o que uma pessoa decider ser, hoje sao marandzas, amanha sera outro adjetivo.
Ooohhhh esse texto e mesmo forte
Todo o tipo de sociedade precisa de regras, mitos tabus e sistemas classificatórios, para manter um minimo aceitavel de pudor, disciplina e de criar, reforçar e manter uma ordem social…. eu acho o texto muito bonito, mas tambem embuído de muita repulsa ate certo ponto diria raiva ou descontentamento…essa é uma forma de pensar mais no ideal, mas no de criar oportunidades iguais para homens e mulheres, para o mim o texto volta a por em evidencia a velha questão, equidade e igualdade de genero, o livro arbitrio para um ente decidir como deve ser a sua sexualidade, mas penso que o termo Mahandza olha mais para os meios que se usam para chegar a um fim….classifica justamente no meu entender o meio usado por muitas mulheres como homens, mas mais mulheres para chegarem um fim….eu vou mais longe ao dizer que é uma forma de extorsão bem tenue mais altamente eficaz…. dizer que apreciei bastante a forma como usou e manipulou varios outros conceitos, assuntos e temas em volta desta forma de classificar determinados tipos de comportamentos ou postura……kakakakakkakakakakakaaa procurou escamotear muito bem o cerne dessa forma de classificação.
Bem, são interpretações.. Se por aqui passou e leu até ao fim é porque certamente algo lhe chamou a atenção.
Sim, minha cara chamou de facto a minha atenção, primeiro porque gosto de ler, segundo porque gosto de procurar perceber como as pessoas olham e percebem um determinado assunto, aliás fui formado em investigação e ler e ter acesso a várias formas de olhar o nosso social e quotidiano é crucial para mim….sem dúvida foi bom ler o seu texto…..aguardo ansiosamente pela proxima incursão reflexiva….bem hajas
A primeira vez que ouvi a palavra marandza, estava numa boutique comprando roupa. Então uma das moças disse o seguinte “eu volto proxima semana para levar esta blusa porque gosto de comprar, sou marandza”. Nessa frase eu percebi que marandza é alguem que gosta de algo (por exemplo de gastar fazendo compras), com isto, eu podia dizer que posso ser marandza com o meu proprio dinheiro. Mas a palavra foi popularizando e ganhando outros contornos, ao meu ver.
Parece que a palavra é usada para manchar a reputacao da mulher.
Parabens pelo texto Eliana
É mesmo isso, a palavra tomou outros significados e é preciso esclarecer/ reflectir/ questionar
Eve. Parabéns pelo texto- super pragmático e ao mesmo tempo suave. Adorei ler essa liberdade que conseguiste transmitir sobre ser: humana, mulher e claro marhandza.
Bjns e muita força
Muito obrigada!
Penso que há aqui um problema de conceito, por onde ando e ouço falar em marandza nunca senti que só servisse para ser referir a mulheres, e sinto também no texto e nos comentário que não existe uma alinhamento em termos de compreensão exacta do que é exactamente um marandza.
Eliana, Amei o texto. Escreves muito bem. Sou uma marandza também. bjs
Parabéns a minha sociedade. A dias vi o texto do Cossa com o título ” A Sagrada Vagina”. Um texto muito bonito e com bem dizeres da vagina. Alguns criticaram e outro elogiaram.
Hoje, vejo esse da Eliana sobre as “Matanzas”. Uma mistura de liberdade feminista assaladado com prazeres de gozo orgasmicos etc etc. Os termos Matanzas, no meu entender, não alguém que esteja inibindo de ter os prazeres sexuais, mas sim alguém que faz do orgasmo um negocio para uma vida cinco estrelas. E isso, não só encontramos nas mulheres, mas também nos homens que ate trocam a terminologia. Mas ambos tem o mesmo objectivo.
Fazer amor ou sex em troca de algo ou mesmo nada, é algo muito normal devendo isso ser do consenso dos praticantes.
Escreva mais Eliana, gostei do texto e das contribuições. Isso mostra que estamos num bom caminha rumo a literatura não nossa.