Foi há 13 anos atrás que Wangari Maathai se tornou na primeira africana a ser premiada com o Prémio Nobel da Paz pelo seu trabalho como ambientalista.
Maathai lutou pela liberdade e paz no Quénia usando o Ambiente como ferramenta para tal.
A sua abordagem multidimensional interligava abordagens científicas, ambientais, e culturais, lembrando as comunidades rurais daquilo que eram as tradições para a conservação da terra.
Estas tradições, que ao pouco foram se perdendo, sobretudo pela influência do capitalismo e do colonialismo, estavam muito ligadas à preservação e respeito pela Terra.
Na sua autobiografia “Unbowed”, percebemos como a sua teimosa dedicação e o seu sentido forte de compromisso foram o seu Norte e o seu Sul para a tomada de decisões.
Tendo passado grande parte da infância na parte rural do Quénia, Maathai cresceu rodeada de árvores, plantas e animais.
Qual foi o seu susto, quando anos mais tarde, percebeu que grande parte desses ecossistemas estavam destruídos e que pessoas antes auto-sustentáveis, não só dependiam de doações para se alimentar, como também não tinham condições para plantar os seus alimentos.
Muito do conhecimento foi-se perdendo com o passar do tempo e, muitas áreas aráveis tinham sido cedidas para grandes plantações, como por exemplo do chá.
Foi então que começou um movimento ingénuo e isolado, em 1977, o Green Belt Movement, no sentido de reflorestar essas zonas e resgatar todo o conhecimento que já existia.
Este movimento começou primeiramente por dinamizar grupos de mulheres rurais – responsáveis por cultivar as terras – no sentido de plantar algumas zonas perto das suas casas.
Rapidamente, com o seu tempo e os seus sacrifícios, transformou-se numa verdadeira revolução.

Não bastava apenas plantar árvores isoladamente. Era preciso perceber a importância de cada espécie; a pertinência de serem plantadas em determinadas zonas; de regá-las e mantê-las vivas, ainda que seja para as gerações futuras.
“The trees (we) are cutting today were not planted by us, but by those who came before. So we must plant trees that will benefit communities in the future.”/ As plantas que estamos a cortar hoje não foram plantadas por nós, mas por aqueles que vieram antes. Portanto devemos plantar árvores que irão beneficiar comunidades no futuro.
E para tal era preciso também abordar questões de género; de herança de terras; de cedência de terras a indústrias poderosas; de doenças; de saúde; etc.
Estes grupos começaram portanto a exercer a sua cidadania de forma mais activa, questionando decisões tomadas no topo; exigindo explicações e conhecendo os seus direitos.
Esta abordagem despertou a atenção de quem estava no poder e ela foi obrigada a fazer grandes sacrifícios em nome da sua visão. Perseguida, presa, torturada, nada a parou de seguir os seus objectivos.

Ela soube ser uma figura pública: a estratégia; a logística; que é preciso saber para se defender e proteger de um regime opressor. O crescimento da sua imagem e da sua legitimidade, permitiram-lhe canalizar mais meios e poder para o movimento.
E mesmo antes disso, é impressionante e inspirador perceber como ela soube maximizar todas as oportunidades que lhe foram dadas: a oportunidade de começar a estudar, mais tarde, de ir para um internato de freiras, posteriormente o ensino superior nos EUA e por fim a sua posição aquando do regresso ao Quênia.
“Education, if it means anything, should not take people away from the land, but instill in them even more respect for it, because educated people are in a position to understand what is being lost.”/ Educação, se significa alguma coisa, não deveria afastar as pessoas da terra, mas incutir nelas ainda mais respeito, porque pessoas educadas estão numa posição de entender o que se está a perder.
A sua mobilização das comunidades não se limitou somente à plantação de árvores, pois Maathai viu nisso uma oportunidade para criar sinergias entre temas como democracia; género; solidariedade.
Essa teia criada permitiu-lhe não só replicar o modelo, mas criar um impacto gigantesco (mais de 20 milhões de árvores plantadas) e deixar um legado imensurável.
Wangari Maathai fez-nos acreditar na possibilidade de um desenvolvimento sustentável antes de isso estar na moda.
Adorei a matéria Eliana, parabéns minha mana. Wangari Maathai é um exemplo forte para nós, a nova geração de africanas/os. Beijo grande.
Estou encantada c esse exemplo de mulher negra.
Sou professora do 2o ano de uma escola de São José/SC/ BRASIL. Conheci o livro Plantando as Árvores do Quênia, através de uma professora da pós.
Estou trabalhando com os meus alunos e nesse sábado teremos uma Feira Cultural e Pedagógica, onde o tema da minha turma é: UMA LIÇÃO AFRICANA DE REFLORESTAMENTO.
A história de Wangari Maathai é inspiradora! Mas mais do que a sua história pessoal, o seu papel como mobilizadora de outras forças, de outras mulheres e o que ela fez pra resgatar o conhecimento da terra foi o seu maior legado. Muita força no seu projecto! Espero que os alunos se sintam motivados a fazer mais pelo Planeta.