A eternização de uma heroína anónima como todas nós
Há uma estátua na Praça dos Trabalhadores, em Maputo, em frente à estação dos caminhos de ferro em que se pode ver uma mulher de cabeça erguida com uma cobra aos seus pés.
A estátua foi inaugurada pelo regime colonial Português, em 1935, para homenagear todos aqueles que morreram durante a Primeira Guerra Mundial.
Na base da estátua vários relevos fazem referência a batalhas que tiveram lugar em Moçambique, nomeadamente Mecula, Quivambo, Nevala e Quionga, em que os guerreiros têm armas nas mãos e os símbolos da bandeira Portuguesa.
No entanto, a lenda local conta outra história. Muito antes disso havia na região uma cobra em cima de uma árvore que atacava quem por ali passasse.

No caminho entre a casa e o rio mulheres e crianças eram atacadas pela cobra e morriam.
Certo dia uma mulher decidiu pôr um fim à situação. Cozinhou uma papa e colocou o seu caldeirão na cabeça, equilibrando-o numa capulana.
Com a papa ainda quente, pôs-se a andar em direcção à àrvore onde se escondia a cobra. A temível cobra ao atacar a mulher entrou no caldeirão da papa, morrendo.
A sábia mulher regressou à sua comunidade certa da sua vitória e todos celebraram a sua coragem. A estátua é por isso, no imaginário dos Moçambicanos, uma homenagem a essa mulher e não àqueles que morreram na Primeira Guerra Mundial.
Hoje, no dia 7 de Abril, Dia da Mulher Moçambicana penso nessa senhora corajosa que enfrentou os seus medos para salvar a sua comunidade. Penso no seu anonimato e no assalto que teve de fazer à História para eternizar o seu heroismo.
Penso nela e em todas as mulheres que, todos os dias, levantam-se e preparam-se para combater vários obstáculos.
Penso nela e em todas as mulheres que, todos os dias, levantam-se e esforçam-se para criar um impacto positivo nas pessoas ao seu redor.
Penso nela e em todas as mulheres que, todos os dias, levantam-se e acreditam que são capazes que fazer a diferença.
E penso também naquelas que são privadas de conhecer as suas forças e seguir os seus sonhos. Penso também naquelas que não sabem que fazem parte de uma História, que podem matar uma cobra.
E espero que neste dia todas nós, Mulheres Moçambicanas, nos sintamos como a estátua: de cabeça erguida; invencível; poderosa; com o olhar maravilhado sobre as nossas vitórias.
Feliz Dia da Mulher Moçambicana.
Adorei. Feliz nosso dia para ti também. 😘
Linda lenda Eliana. Adiante mulheres moçambicanas!
Cara Eliana, adorei os teus textos. Manda-me um email para morgado_ruben@yahoo.com, gostaria de saber se estás interessada em publica-los noutra plataforma. Obrigado, Ruben
linda história gostei
Muito obrigada Octávia!
Bonito, é muito importante que contos do nosso povo como este de bravura e determinação seja difundido pelas gerações, cresci ouvindo-o da minha mãezona . A nação pede mais destes e parabéns