Como pode uma jovem se encaixar num padrão de “boa mulher” numa sociedade que nunca se satisfaz?
Terminei há alguns dias de ler este livro que retrata a história de uma mulher chamada Efuru numa vila Igbo na Nigéria antes da independência.
Durante a sua vida, Efuru sofre uma grande pressão para se encaixar no padrão de “boa mulher”.
Nas suas relações amorosas, ela mostra-se disponível e prestativa. Sempre demonstrando afecto e mantendo uma boa relação com todos os envolvidos.
Na família é bem vista e procura sempre ajudar todos ao seu redor.
No entanto, no desenrolar da história é evidente que ela jamais será completamente feliz procurando ser essa “boa mulher”.
Mesmo quando encontra alguém e eles têm uma relação muito boa, saudável e invejável, as pessoas da sua vila condenam o relacionamento alegando atropelos à tradição, pois o casal deve dormir em quartos separados; têm tarefas específicas para a mulher e para o homem e sofrem pressão para ter um filho, entre outros aspectos.
O conceito de “boa mulher”, no contexto africano exige super poderes: maternidade; altruísmo; amor incondicional; força física e emocional; perdão; etc.
Esse conceito arranca-nos a humanidade, a capacidade de cometer erros; de chorar; de ter sonhos próprios. E como uma mulher negra eu sinto essa pressão diariamente: Estuda. Casa. Tem filhos. Sê bem sucedida, mas não demais. Respeita o teu esposo. Respeita os teus pais. Dá tudo aos teus filhos. Sê paciente. Não mostres sofrimento. Suporta toda a dor. Mantem-te como sempre foste.
Até quando?
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